sexta-feira, 3 de junho de 2016

Ela

Ela é uma garota mimada, chata, cheia de frescura... As vezes se sentia só, sentia um vazio no peito, como se alguém tivesse lhe roubado algo. As vezes a angustia tomava de conta dela, ela se trancava no quarto e chorava a noite inteira ou até mesmo no banheiro, chorava bem baixinho para que ninguém pudesse ouvi-la, assim não a jugariam. Ela é uma garota determinada e forte, pois o mundo desabava em baixo dos seus pés e a única coisa que fazia era sorrir. Sorria para os amigos e para os familiares, sorria para os estranhos na rua, não importava a hora ela apenas sorria. Tentava demonstrar ser forte, mais ela era forte. Só que lá no fundo sabia que doía, chovia temporais dentro dela, sua cabeça era apenas um monte de emaranhado de fios soltos. Havia dias que lhe aparecia um pouquinho de disposição, então ela tentava ser um pouco mais sociável, se vestia com cores mais frescas. Mais havia dias que ela apenas levantava e prendia o cabelo, colocava a roupa mais dark que ela tinha e saia pelas ruas sem rumo, tentando arrumar algum sentido para a vida dela. Não era fácil, não tinha amigos... Amigos até tinha, mais não confiava, pois uma vez ela contou um de seus segredos mais obscuros e esse “amigo” simplesmente espalhou para os outros. Ela sentava no chão do banheiro em meio as lagrimas e com uma mão segurava uma lamina afiada, uma lamina já bem conhecida por ela. Ela simplesmente deixava a sua dor sair junto com seu sangue. Havia dias que os pais dela, levava para o hospital. Ela tentava suicídio já fazia 2 anos e nunca conseguia o resultado que esperava conseguir. Ela ficou difamada pelas pessoas, era conhecida como a garota problemática... Ela já havia mudado de escola várias vezes, porem sempre davam um jeito de atingir ela. Porém um dia ela apenas desistiu do mundo e então escreveu um bilhete: “Simplesmente cansei dessa vida monótona, pessoas me jugando e tentando me atingir... Se o problema realmente for comigo, não se preocupe, pois acabei de partir.” Ela se certificou de que não havia ninguém em casa e então encostou a porta do quarto e colocou o bilhete sobre sua cama. Ela se sentou no chão e sem mais delongas puxou a lamina e com a mesma fez pequenos cortes profundos, enquanto seu sangue jorrava sobre seu corpo já pálido, sua vista aos poucos ia ficando turva e então ela caiu sobre o chão, e agora realmente ela se foi, não havia mais o que fazer.
No dia do seu funeral, pessoas desconhecidas foram visita-la, e então todos que a julgavam de repente estavam lá, dizendo que estavam arrependidos, que ela faria falta, que ela era linda, e o quão idiota eles eram. Prometeram a si mesmo que não fariam mais isso... Depois que ela se foi, eles ficaram vazios, com medo, deprimidos, alguns adoeceram, outros... Há, outros apenas levaram a vida normalmente, tentando compartilhar sobre o valor das pessoas.